

ORGANIZAÇÕES QUE OFERECEM PROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA JORNALISTAS
Quatro instituições espalhadas pelo mundo que ajudam jornalistas a terem liberdade de imprensa, auxílios jurídicos e financeiros.
Com o avanço dos meios de comunicação e das tecnologias, em conjunto com a globalização, cresce a importância da editoria internacional no noticiário. Você sonha em se tornar um correspondente internacional? Trazer informações do outro lado do mundo, acompanhar a visita de um líder de governo em outro país, cobrir conflitos a milhares de quilômetros do Brasil, cobrir campeonatos internacionais de futebol, essas são algumas das atividades que um correspondente tem em sua rotina de trabalho. Mas infelizmente este segmento do jornalismo não é só glamour, a realidade do jornalista fora de seu país natal pode ser muito difícil e perigosa.
Cada vez mais jornalistas e profissionais da comunicação correm grandes riscos de serem feridos, mortos, detidos ou sequestrados enquanto cumprem seu papel em situações críticas. Desde 1992, mais de 1300 jornalistas foram mortos, segundo o Committe to Project Journalists, sendo que mais de 800 assassinos nunca foram levados à justiça.
Os últimos dados mostram que a situação vem piorando a cada dia, hoje mais de 250 jornalistas estão em prisão no mundo todo, por produzir reportagens que seriam consideradas de rotina no mundo todo.
Separamos algumas organizações que fornecem apoio para jornalistas de todo o mundo:
International Press Institute (IPI)
IPI é uma uma rede global sediada em Viena na Áustria e foi criada por 34 editores de 15 países em 1950 na Universidade de Columbia com o intuito de proteger a liberdade de expressão da imprensa e o aprimoramento das práticas de jornalismo. Eles o nomearam em português como Instituto Internacional de Imprensa e o secretariado original foi criado em 1951 em Zurique. O trabalho principal do Instituto é registrar casos de jornalistas ameaçados mundialmente por seu trabalho e realizar ações e avaliações sobre a liberdade de imprensa. Para se manter ativamente os recursos do IPI são de fontes variadas, começando pelas associações contribuintes feitas por parceiros, grandes empresas e governos, além de comitês nacionais que junto com o apoio financeiro ainda realizam a divulgação do programa em seus respectivos países.
Em 2019 o IPI liderou a campanha FreeTurkeyJournalists visando defender a liberdade de imprensa e o jornalismo independente na Turquia, o maior carcereiro de jornalistas do mundo. As principais atividades dessa campanha foram liderar uma missão internacional de liberdade de imprensa em setembro daquele ano, eventos online e offline para a libertação dos profissionais, monitoramento dos julgamentos e proteção do direito dos jornalistas à um julgamento justo e também na geração de relatórios para o Parlamento Europeu, Comissão Europeia e Conselho Europeu, além dos governos nacionais e partidos políticos.
Dart Center for Journalism and Trauma
O Dart Center foi um projeto criado em 1991 para ser um centro de recursos e uma rede global de educadores e profissionais de saúde dedicados a melhorar a cobertura da mídia sobre trauma, conflito e tragédia. É um projeto da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia com escritórios internacionais em Londres e Melbourne.
O principal objetivo desse centro é defender a comunicação ética completa do trauma, com tratamento profissional para jornalistas que sofreram algum tipo de violência vindo de coberturas jornalísticas. O Dart Center fornece um fórum profissional para jornalistas em todas as mídias para analisar questões, compartilhar conhecimentos e ideias e desenvolver estratégias relacionadas à violência e tragédia, além de educar jornalistas e estudantes de jornalismo sobre a ciência e psicologia do trauma e as implicações sobre as coberturas noticiosas.
O centro possui vários programas, como por exemplo o Dart Training, que é um treinamento educacional e consultoria para organizações de notícias e organizações sem fins lucrativos relacionadas ao jornalismo por todo mundo. O treinamento oferece ensinar como monitorar equipes de jornalistas, apresentar histórias de seus clientes e parceiros espalhados pelo mundo, como cuidar da equipe caso ocorra algum acontecimento traumático, planejamentos e protocolos da redação antes e depois de eventos, linguagem para falar sobre traumas e técnicas de gestão para gerenciar e apoiar equipe sob estresse. No último ano esse treinamento foi ministrado para organizações e redações de mais de 10 países.
CPJ - Comitê para Proteção de Jornalistas
CPJ é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1981 em Nova York buscando defender os direitos dos jornalistas de informar sem temor e sem represálias, promovendo a liberdade de imprensa no mundo sem fins lucrativos. A organização monitora o estado da imprensa mundial e faz campanhas em nome de jornalistas sob ameaça ou aprisionados em todo mundo, documentando centenas de violações à liberdade de imprensa e principalmente divulgando as condições em cada país.
Desde sua fundação a organização busca agir quando os jornalistas são censurados, perseguidos, ameaçados, atacados ou mortos em seu trabalho sem levar em consideração a ideologia política. O CPJ define os jornalistas como pessoas que cobrem notícias ou comentam assuntos públicos por qualquer meio de comunicação.
Um dos últimos casos publicados pelo CPJ foi do jornalista Adão Ramalho que foi agredido na Guiné Bissau. No dia 12 de março, na capital de Bissau, cinco homens armados à paisana atacaram e tentaram raptar Ramalho, repórter da emissora local da Rádio Capital FM, enquanto tentava cobrir o regresso do líder exilado da oposição Domingo Simões Pereira. A denúncia feita por Adão ao Ministério Público foi analisada pelo CPJ, e depois o Comitê fez todo o trabalho de contatar os líderes do Ministério para investigar a tentativa de sequestro e todo esse movimento de violência organizada contra jornalistas no país.
Flip - Fundación para la libertad de Prensa
Flip é uma organização não governamental com uma rede de mais de 30 profissionais distribuídos pela Colômbia que denunciam casos de abusos à imprensa. A fundação é um membro consultivo da Organização dos Estados Americanos (OEA). Além disso, faz parte do Projeto Antonio Nariño (PAN), da plataforma More Information More Rights e da rede International Exchange for Freedom of Expression (IFEX). A fundação se mantém com o apoio de membros por uma plataforma de financiamento dentro do seu site e abrange alguns países da América do Sul como Colômbia, Venezuela, Brasil, Peru e Equador.
O principal objetivo da Flip é oferecer assistência e acompanhamento aos veículos, resguardando a liberdade de expressão, além de oferecer amparo aos jornalistas que são vítimas de agressões ou sujeitos a processos judiciais de insulto e calúnia. Nesse caso a fundação presta serviços de assessoria jurídicas ao profissional e também presta apoio psicossocial. Em 2020 foram mais de 600 vítimas de violação de liberdade de imprensa registradas pela fundação na Colômbia.
Por Camila Condé e Marlon Lima