

PODCASTS PARA JORNALISTAS
Separamos algumas dicas de podcasts para informar e inspirar jornalistas
Se, para ser jornalista na contemporaneidade é preciso saber produzir um pouco de tudo, também é importante consumir produtos jornalísticos diversos. Afinal, referência é tudo.
Hoje em dia, um meio que está em alta é o podcast. Plataformas como Spotify e Deezer relataram crescimento da audiência nos últimos anos, tanto no Brasil como no mundo.
Tem podcasts para todos os gostos: caseiros, bem produzidos, de ciência, de futebol, de cultura pop, história, tudo o que você possa imaginar. Se você ainda não sabe o que é podcast, pode conferir aqui no site o nosso papo com Leandro Iamin, sócio da Central 3, uma produtora independente que está no ramo desde 2013.
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Aqui, o Por Trás da Pauta resolveu montar uma lista temática voltada para jornalistas em formação. Trouxemos conteúdos para você ficar sempre informado/a e programas que podem servir de inspiração para futuras produções. Bora lá?
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1. Para entender o mundo
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Nessa sessão, o carro chefe é o Xadrez Verbal. O “programa semanal de política internacional” é tocado por Filipe Figueiredo e Matias Pinto desde 2015. Os dois historiadores organizam oapanhado mais completo do noticiário internacional na comunicação brasileira. A cobertura vai de eleições regionais do Chile até acordos internacionais relacionados à ilha polinésia de Tonga, com contextualizações históricas sempre que possível. Isso leva tempo e, por isso, o Xadrez Verbal é conhecido pelos longos episódios, que podem bater quatro horas de programa. Durante a pandemia, o programa “normal” tem sido intercalado com um programa “viral”, com a participação do biólogo Atila Iamarino, repercutindo notícias internacionais referentes ao coronavírus.
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Inspirado no Xadrez Verbal, a equipe do Ponta de Lança lançou o podcast África em Pauta no ano passado. Este, produzido por jornalistas, aborda política, economia, cultura e esporte no continente africano. Quinzenalmente, o programa traz atualizações do noticiário do continente repleto de informações e contextualizações. Também é longo, mas vale a pena.
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Você não precisa ouvir nenhum podcast de uma vez só, a não ser que seja bem curtinho. É o caso do Petit Journal, programa diário realizado pelos professores Daniel Sousa e Tanguy Bahgdadi. De forma rápida e didática, abordam temas de economia e política internacional. É curtinho mesmo, os episódios não passam de dez minutos e são muito informativos.
2. Jornalismo diário
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Já vamos de clichê, jornalão e tal, mas é inevitável. O Café da Manhã, parceria da Folha de São Paulo com o Spotify, cumpre o seu papel. De segunda a sexta, o podcast sobe ao ar todas as manhãs, tal qual o jornal chega na banca. Os programas duram menos de meia hora e servem para dar aquela atualizada diária logo cedo.
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Agora, voltamos aos podcasts independentes, uma recomendação para rir e chorar nesse período horroroso que vivemos. Numa paráfrase com o clássico livro do jornalista norte-americano Hunter Thompson, Medo e Delírio em Brasília é descrito como “um diário ácido desse governo verde-oliva, essa bad trip escrota em que a gente se meteu”. Vai ao ar de terça a sexta e a duração varia de 30 a 45 minutos. O programa retoma os acontecimentos da Praça dos Três Poderes do dia e semana, de maneira crítica e muito bem humorada. O texto é de Pedro Daltro e a produção - de qualidade absurda, aliás - é de Cristiano Botafogo.
3. Rotina de trabalho
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Outro clássico que não poderia ficar de fora é o Vida de Jornalista. Realizado por Rodrigo Alves, esse podcast nasceu em 2018 com a missão de falar com e para jornalistas. Se aproximando já do centésimo episódio, o Vida de Jornalista traz profissionais para conversar de suas experiências, coberturas e visões acerca do jornalismo. Não é longo como o Xadrez Verbal, mas também não é curto como o Petit Jornal, costumeiramente o Vida de Jornalista transita entre 25 a 50 minutos.
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Rodrigo trabalhou por 15 anos com esporte no Grupo Globo, saiu no final de 2020, pedindo demissão. Nas palavras dele próprio, a decisão passou pelo que mais o motivava no jornalismo: podcasts e narrativas em áudio. Com esses anos de experiência, traz pessoas já conhecidas do jornalismo global, jornalistas independentes, regionais e também aqueles que estão no exterior Principalmente, jornalistas que tiveram coberturas marcantes - como a queda do avião da Chapecoense, Copa do Mundo de 70, o acidente do Césio 137, entre outros. Assim, o podcast é como uma palestra curta de jornalistas, contando para outros jornalistas, suas percepções e desafios.
4. Storytelling
Deixando para o final um dos assuntos mais comentados da comunicação atualmente - o storytelling. A narrativa em áudio, a “contação de histórias”, quando o jornalista pode pirar na montagem, na edição do material real que obteve. No Brasil é impossível citar sem falar de Ivan Mizanzuk. O curitibano, âncora do Anticast, criou em 2015 o Projeto Humanos, uma produção em narrativa documental seriada com um tema por temporada.
A primeira contou a história de uma família brasileira construída por uma judia sobrevivente do holocausto. A segunda abordou os conflitos do oriente médio, com a primavera árabe como fio condutor. A terceira temporada foi colaborativa, com os ouvintes mandando histórias de heroísmo na vida real. Mas foi com a mais recente temporada que o Projeto Humanos rompeu a bolha dos podcasts.
O Caso Evandro, a história de um garoto desaparecido e morto em Guaratuba-PR, que chocou o Brasil. Com mais de 54 horas de conteúdo divididos em 36 episódios, a temporada foi comprada para a pesquisa e compilação histórica do jornalista virar livro, e até série pela GloboPlay.
Para além do Projeto Humanos, outras produções em formato de storytelling apareceram na podosfera brasileira, como o Praia de Ossos. O podcast produzido pela Rádio Novelo conta, em sete episódios, a história do assassinato de Ângela Diniz na década de 70.
Escrito por Frederico Lisboa e Lucas Guimarães